A corrente do Golfo. Vai parar?
A Corrente do Golfo origina-se nas Caraíbas, onde águas quentes tropicais são integradas no seu percurso e transportadas para norte, junto à costa americana, antes de seguirem para o Atlântico Central e Atlântico Norte.
⚙️ O Que Move a Corrente?
A dinâmica da Corrente do Golfo depende de dois fatores principais:
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Regime de ventos sobre o Atlântico
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Circulação termo-halina — impulsionada pelas diferenças de salinidade e temperatura entre as águas tropicais e polares
As águas tropicais são mais quentes e salgadas, devido à elevada evaporação. À medida que se deslocam para norte, arrefecem, tornam-se mais densas e afundam até ao fundo do oceano, mantendo ativa a circulação oceânica profunda.
👉 Sem este mecanismo de afundamento, a corrente perderia força, pois a água superficial empurrada pelos ventos não teria para onde escoar.
🌬️ Relação Com os Ventos
A corrente nas suas camadas mais superficiais segue, de forma aproximada, o regime de ventos entre o Anticiclone dos Açores.
🌎 Qual a Sua Importância?
Atualmente, a Corrente do Golfo é a corrente oceânica mais intensa do planeta e influencia:
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O clima da costa leste americana, potenciando sistemas ciclónicos
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O aquecimento de latitudes elevadas na Europa, tornando regiões como o Reino Unido, França ou Alemanha muito mais temperadas e húmidas do que outras zonas à mesma latitude
➡️ Na Península Ibérica, a corrente ajuda a amenizar os invernos, evitando o frio extremo típico de regiões com latitudes semelhantes, como o leste da China ou os Estados Unidos.
🌍 Mudanças Climáticas
As alterações climáticas resultam de mudanças em três grandes fatores:
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Ciclos orbitais terrestres
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Correntes oceânicas
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Composição química da atmosfera
Hoje, o principal fator de perturbação é o aumento das concentrações de CO₂, metano e vapor de água, iniciado pelas emissões humanas.
Este aquecimento afeta:
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A fusão de gelo na Gronelândia, libertando água doce para o Atlântico Norte
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A alteração do regime de precipitação sobre o oceano e continentes atlânticos
Ambos alteram padrões de salinidade e densidade das águas superficiais, podendo comprometer a dinamica essencial à circulação termo-halina.
❄️ A Corrente Pode Parar?
👉 Paragens totais ocorreram no passado, associadas a ruturas de grandes lagos glaciares, que injetaram enormes volumes de água doce no Atlântico.
Hoje, embora o risco de paragem total seja improvável a curto prazo, um abrandamento significativo é possível se o aquecimento global ultrapassar os 2-3 ºC.
📉 Consequências de um Abrandamento
Se a corrente enfraquecer:
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O Atlântico subtropical e o sul da Europa acumulariam mais calor
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O norte da Europa e o Atlântico Norte arrefeceriam relativamente
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Aumentariam os contrastes térmicos, favorecendo eventos meteorológicos extremos
👉 O Ártico continuará a aquecer mais rápido que o resto do planeta (amplificação ártica), o que reduz a intensidade dos ventos de oeste e favorece padrões atmosféricos bloqueados e caóticos.
⚠️ Um Clima Mais Instável
Tudo indica que este cenário criaria uma atmosfera mais errática, com mais fenómenos extremos, bloqueios e oscilações imprevisíveis.
Ainda assim, a comunidade científica acredita que medidas sérias de mitigação podem evitar as consequências mais graves.