Como instalar uma estação meteorológica?

Os dados meteorológicos são cruciais para o estudo do clima, previsão do tempo e gestão de riscos ambientais. Contudo, para que sejam fiáveis, devem ser recolhidos segundo normas técnicas rigorosas, definidas pela Organização Meteorológica Mundial (OMM).

Caso não se sigam estas normas e regras de instação, uma estação meteorológica ou sensor seja de que tipo for nunca irá ter qualquer utilidade.

Estações meteorológicas junto a telhados e paredes, em áreas alcatroadas, atrás de edifícios, ou termómetros de rua e de farmácia são absolutamente inúteis para informar as pessoas.

Já os termometros dos carros, desde que em andamento, conseguem dar informação mais fiável com margens de erro na ordem dos 1 a 2ºC.


📍 Condições de Instalação e Composição de uma Estação Meteorológica
📏 Altura e Localização dos Sensores

Todos os instrumentos devem estar instalados num parque de instrumentos — um espaço aberto, relvado ou com solo natural, sem obstáculos, afastado de edifícios, muros ou pavimentos artificiais, para evitar interferências nos registos.

📋 Principais Equipamentos e Condições
  • 🌡️ Termómetro: mede a temperatura do ar, instalado entre 1,20 m e 2,00 m do solo, idealmente a 1,50 m, dentro de um abrigo de radiação pintado de branco. Mede-se em ºC ou ºF.

  • 💧 Higrómetro: mede a humidade relativa, instalado junto ao termómetro no mesmo abrigo. Mede-se em %.

  • 💨 Anemómetro: mede a velocidade e direção do vento. Instala-se a 10 m do solo, em espaço livre. Velocidade em km/h ou nós; direção em graus.

  • 🌡️ Barómetro: mede a pressão atmosférica, corrigida para o nível médio do mar através de fórmulas normalizadas. Mede-se em hPa ou milibares.

  • 🌧️ Pluviómetro (ou udómetro): recolhe a precipitação (líquida ou sólida). Mede-se em mm ou litros/m².

  • ☀️ Sensor UV: avalia a intensidade da radiação ultravioleta, integrada na escala UV Index.

  • 🌞 Piranómetro: regista a radiação solar global (direta + difusa) em W/m².

  • 📏 Heliógrafo (em estações clássicas): regista as horas de sol por meio de queima de papel calibrado através de uma esfera de vidro.


📌 Porquê tanto cuidado?

Estes procedimentos de instalação permitem:

✔️ Evitar influências artificiais de superfícies ou fontes de calor próximas.
✔️ Assegurar valores comparáveis ao longo de décadas ou séculos.
✔️ Manter a homogeneidade das séries climatológicas, indispensável para estudos de alterações climáticas.

A título de exemplo, Lisboa/Geofísico e Lisboa/Ajuda são duas das estações históricas portuguesas, com registos climatológicos contínuos que ultrapassam 100 anos.
Este tipo de registos é fulcral para entender a evolução climática global e local assim como as influencias do crescimento urbano ou outras alterações no uso do solo e geografia locais.
O estudo destas mudanças permite informar as populações, gerir o risco, e tornar mais eficientes certos sectores económicos como a agricultura ou energia.


🌍 Impacto Urbano: a ilha de calor

As cidades influenciam o microclima local, criando as chamadas ilhas de calor urbano. É por isso fundamental que, para fins de climatologia, os dados sejam recolhidos longe de zonas densamente edificadas ou, se inevitável, com a correta contextualização do local e comparação controlada.

No caso de estações situadas no interior das cidades, apesar das condições exigentes de instalação, terão sempre o efeito artificial da malha urbana circundante, pelo que os seus dados devem ser analisados com atenção a este factor.


📚 Referência