Mais calor e mais neve?

 

A partir do estudo do clima, recorrendo a registos fósseis e dados históricos, sempre surgiram aparentes contradições que demoraram décadas a compreender.

Nos últimos anos temos tido um exemplo de um fenómeno que parece desafiar a lógica:

  • Os gelos oceânicos do Ártico estão a derreter

  • As temperaturas médias globais continuam a subir

  • Mas em algumas áreas… tem nevado mais

📌 À primeira vista parece um contrassenso. Na realidade, a explicação é simples e bem conhecida.


💧 Mais Humidade, Mais Neve (onde ainda faz frio)

Quando a temperatura sobe, a atmosfera consegue reter mais vapor de água. 

Resultado:

➡️ Alguma regiões subpolares/continnetais e montanhas
Apesar de subidas de temperatura de 5 ou 10 ºC, se continuarmos abaixo de 0 ºC, a precipitação ocorre sempre sob forma de neve.

➡️ Com mais humidade no ar, caem maiores quantidades de neve — o que tem sido registado em várias zonas de altas latitudes e montanhas elevadas.


🧊 Boas Notícias ou Não?

Este aumento de neve local em nada anula o problema global:

  • A maior parte da neve cai em zonas que já estavam geladas e não compensa o degelo nas zonas de menor altitude ou latitude

  • O volume total de gelo perdido no Ártico, Gronelândia e glaciares alpinos supera largamente o acréscimo de neve nas áreas de frio extremo

  • Os ecossistemas e ciclo hídrico de zonas temperadas ou de altitude intermédia já estão a sofrer alterações profundas com a redução da queda de neve 


📉 Um Processo Não Linear

👉 A ciência climática é, por natureza, não linear.
O clima resulta da interação de centenas de variáveis em simultâneo — temperatura, humidade, correntes oceânicas, cobertura de gelo, padrões de vento, emissões de gases, etc.

Isto explica porque:

  • Pode nevar mais em certos locais mesmo com o planeta a aquecer

  • Mas globalmente, a tendência continua a ser de perda de gelo e aumento das temperaturas médias


📚 Referência