O inferno de Pedrogão
📅 Condições Antecedentes — Escala Climática (Anos/Décadas)
📌 Alterações ecológicas e no uso do solo:
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Expansão de monoculturas de eucalipto
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Espécies invasoras e má gestão florestal
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Construção desordenada e artificialização do território
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Infraestruturas como linhas de alta tensão em zonas florestais
📌 Alterações climáticas:
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Aumento da frequência de episódios de calor extremo
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Maior incidência de secas prolongadas
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Mais episódios de tempo severo
Estas mudanças aumentaram a vulnerabilidade das populações e dos ecossistemas, facilitando a ocorrência de catástrofes naturais.
📅 Contexto Meteorológico
No dia 16 de junho de 2017, a Bestweather tinha emitido um aviso para a ocorrência de trovoadas fortes numa faixa compreendida entre o Vale do Mondego e o Alentejo.
Esta previsão baseava-se na aproximação de uma perturbação atmosférica em altitude (entre 6 a 10 km) conjugada com a entrada de ar extremamente quente e instável nas camadas baixas da troposfera.
🌡️ Condições de Risco Identificadas:
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Presença de um perfil vertical em V invertido (camadas de ar muito seco em altitude sobre ar húmido e quente junto ao solo).
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Grandes diferenças de temperatura entre os níveis baixos (muito quentes) e altos (mais frios) da troposfera.
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Ambiente propício a:
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Trovoadas severas
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Correntes descendentes fortes (downbursts)
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Queda de granizo de grandes dimensões
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Por este motivo, foi emitida uma previsão de trovoadas severas com potencial para tempo extremo localizado e iniciou-se o acompanhamento especial desta situação.
🌩️ Evolução Meteorológica no Dia 17 de Junho
Na tarde de 17 de junho de 2017:
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Confirmava-se a progressão de uma perturbação de sudoeste em altitude
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À superfície, o vento soprava de leste, transportando ar ainda mais quente
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As temperaturas ultrapassavam os 40 ºC ao início da tarde, atingindo máximas de 42 a 45 ºC
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Surgiram vários núcleos de trovoada de evolução rápida, alimentados pelo calor extremo e pela brisa marítima, que aumentava a convergência nos níveis baixos, sobretudo no Vale do Mondego e na bacia do Tejo/Sado
Alguns destes núcleos apresentaram longos ciclos de vida graças a:
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Suporte dinâmico favorável
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Algum shear vertical (diferença de direção e intensidade do vento com a altitude), que ajudava a manter a ventilação das torres convectivas.
🌬️ Relatos e Impactos:
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Ventos severos associados a downbursts
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Queda de granizo
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Elevada atividade elétrica
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Núcleos de trovoada cruzaram a região de Pedrógão Grande
➝ embora não seja possível confirmar a origem exata do incêndio (descarga elétrica, causa humana ou outra), é altamente provável que as rajadas fortes associadas às trovoadas tenham contribuído decisivamente para a tragédia.
📹 Relatos Locais:
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📽️ Ventos severos associados a downbursts: ver vídeo
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📽️ Trovoadas com forte aparato elétrico e pouca precipitação: ver vídeo
📌 Conclusões
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As rajadas de vento forte e caótico tiveram um papel determinante na rápida propagação do incêndio.
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Estas condições meteorológicas adversas dificultaram severamente a ação dos meios de combate.
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As previsões oficiais não foram suficientemente eficazes e não existia preparação adequada dos meios de combate para enfrentar condições tão extremas.
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A má gestão florestal, a excessiva carga combustível acumulada e a falta de preparação da sociedade para este tipo de situação meteorológica também foram fatores que agravaram o impacto.
⚠️ Recomendações de Segurança
🌩️ Em caso de trovoada:
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Procurar abrigo numa divisão interior, sem janelas
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Se possível, recolher-se numa cave ou espaço estruturalmente seguro
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Evitar permanecer no exterior ou sob árvores
🔥 Em caso de incêndio:
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Permanecer em casa, com janelas e portas fechadas
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Recolher-se numa divisão baixa e protegida
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Evitar fugas de última hora, especialmente de carro, salvo ordem de evacuação atempada
A exposição direta ao meio externo nestas situações é extremamente perigosa e pode ser fatal.